Sempre, não. Quase sempre. Mas isso não impede que eles se arrebentem no impacto contra o solo
Não, os gatos nem sempre caem de pé. Na maioria das vezes, sim, mas não em todos os casos. Dentre os fatores envolvidos, o principal é a altura – o gato precisa de pelo menos meio metro para conseguir rotacionar o corpo. Eles precisam de uma altura mínima para ter tempo de virar o corpo. E “altura mínima”, nesse caso, quer dizer “mínima” mesmo: apenas 30 centímetros são suficientes. Acima disso, a maioria dos bichanos já é capaz de corrigir a postura e cair sobre as próprias patas. O segredo está em seu apurado sistema vestibular – um conjunto de órgãos do ouvido interno que cuida do equilíbrio.
Isso não significa, contudo, que os gatos saiam sempre ilesos de uma queda. Na verdade, eles se machucam menos quando despencam de lugares mais altos – a janela de um apartamento no 7º andar, por exemplo. Quedas de uma altura entre o 2º e o 6º andares de um prédio costumam ser as piores, ainda que o impacto contra o solo seja aparentemente mais leve.
Isso é possível graças a seus ossos flexíveis e a um reflexo chamado “síndrome do gato paraquedista”. Durante a queda, a cabeça do animal fica em posição desconfortável e ativa um conjunto de órgãos responsáveis pelo equilíbrio dos mamíferos, o sistema vestibular.
Em fração de segundos, a musculatura rotaciona em direção ao solo e coloca o gato em uma posição que aumenta o atrito com o ar, reduzindo a velocidade da queda e do impacto.
Paraquedistas
Eis a explicação para esse fenômeno. Quando cai de uma altura entre o 2º e o 6º andares, o gato normalmente não atinge sua velocidade máxima em queda livre (média de 96 km/h). E isso faz toda a diferença. Até atingi-la, o animal se ajeita para o impacto corrigindo a postura e estendendo as patas para baixo. Resultado: ao se chocar contra o solo, ele está com a musculatura rígida, o que aumenta o risco de fratura.
Em quedas do 7º andar para cima, no entanto, os 96 km/h costumam ser alcançados. Quando isso acontece, o gato instintivamente alinha seus membros na horizontal e relaxa a musculatura. “Nessa posição, aumenta o atrito com o ar e o animal tende a desacelerar”, diz a veterinária Roberta Oliveira de Carvalho, da UFMG. É o que se chama de síndrome do gato paraquedista. “Relaxado na hora do impacto, o risco de fratura é menor.”
No final da década de 1980, dois veterinários da clínica Animal Medical Center, em Nova York, examinaram 132 gatos que haviam caído do 2º ao 32º andares. Notaram que 90% deles tinham sobrevivido, embora muitos com lesões sérias. Mas continuaram vivos – graças, sobretudo, à tal síndrome do paraquedas.
Uma limitação desse estudo é que os pesquisadores avaliaram apenas os gatos levados à clínica. Aqueles que morreram no tombo ficaram de fora das estatísticas. Por isso, não custa prevenir. Se você tem um gatinho e mora nos primeiros andares de um prédio, cuide bem para que ele não despenque da janela ou da varanda. O estrago pode ser pior que uma queda do último, pois o bichano não terá o mesmo tempo para se habituar ao tombo.
FONTE: JOURNAL OF THE AMERICAN VETERINARY MEDICAL ASCIATION.
1. A cabeça em posição irregular faz aumentar a pressão no sistema vestibular, que fica dentro do ouvido do gato (e de todos os mamíferos) e auxilia na orientação.
2. Dentro de um décimo de segundo, o cérebro manda impulsos elétricos para a musculatura virar o corpo. A cabeça é a primeira parte a girar, de modo que os olhos estejam virados para baixo.
3. Enquanto a parte inferior do corpo rotaciona ainda de acordo com o movimento de queda, a parte superior já começa a girar no sentido oposto. Como gatos têm uma clavícula (osso que liga o tronco aos membros superiores) pequena e sem função, é como se ela não existisse. Assim, eles têm mais flexibilidade para mover as patas dianteiras.
4. Seguindo a direção da parte superior do tronco, as patas traseiras giram e se alinham às outras. A cauda ajuda a estabilizar o felino. As patas dianteiras ficam estendidas para baixo. Elas ajudam o gato na orientação durante a queda e reduzem o impacto.
5. O gato arqueia a coluna e estende as patas, aumentando o atrito com o ar e diminuindo a velocidade com que chega ao chão. Devido à sua baixa densidade óssea e ao porte pequeno, o gato reduz bastante a velocidade de queda.
- QUEDA A PARTIR DO 7º ANDAR: Quando despenca do 7º andar para cima, o gato atinge sua velocidade máxima em queda livre (96 km/h). Instintivamente, ele alinha as pernas na horizontal. Nessa posição, o atrito com o ar é maior e o animal desacelera. Ao bater no chão, está com os músculos relaxados, o que diminui o risco de fraturas e lesões musculares.
- QUEDA DO 2º AO 6º ANDARES: A velocidade máxima em queda livre não é atingida antes do impacto. Quando chega ao solo, as pernas do gato estão voltadas para baixo e sua musculatura está rígida – o que aumenta o risco de fratura. Quanto mais alto o andar, mais sérias costumam ser as lesões.
- QUEDA DO 2º ANDAR
O gato também não atinge a velocidade máxima em queda livre e chega ao solo do mesmo jeito: com as pernas para baixo e todo rígido, correndo o risco de fraturar vários ossos.
- OLHOS E OUVIDOS
Ao cair, os olhos e os ouvidos internos do gato enviam sinais ao cérebro, avisando que seu corpo está desalinhado em relação ao solo.
- CÉREBRO E MÚSCULOS
Rapidamente, o cérebro aciona a musculatura do animal, que corrige sua postura em plena queda. Primeiro, ele vira a cabeça. Depois, o corpo todo – tudo numa fração de segundo.
- ACIMA DO PE
E um gato gordão, conseguiria virar o corpo durante uma queda? Segundo os veterinários, sim. Mas lembre-se da lei da física: quanto maior a massa do bichano, maior a força do impacto contra o solo.
Muchas gracias. ?Como puedo iniciar sesion?
Aqui é o Felipe Almeida, gostei muito do seu artigo tem
muito conteúdo de valor parabéns nota 10 gostei muito.